31 de maio de 2017

PAUSA

Quando reativei o blogue decidi que não ia escrever mais post de desabafos porque, na altura, descobri que muitos amigos meus liam o blogue (eu achava que eram só três ou quatro amigas que o liam). Quando eu escrevia posts muito pessoais sentia-me bem em fazê-lo porque sentia que ninguém os lia, mas depois isso mudou e eu tive de mudar também.

Contudo, hoje estou num daqueles dias em que tenho uma nuvem pesada na cabeça e preciso de a fazer desaparecer. Esta é a minha forma de o fazer.

Esta semana faço anos.

Estive uns minutos a pensar no que escrever a seguir porque esse facto é a razão do meu desassossego. Normalmente, quando penso nos meus anos, penso em como quero festejar. Onde, o que comer, quem convidar… Desta vez foi diferente. Primeiro, tentei não pensar muito nisso, mas depois, quando a data me vinha à ideia, só pensava que não queria festejar nada. Só para não deixar a data completamente em branco, um jantar simples com os meus pais e os meus avós chegaria. Nada de grande euforia, nada de prendas, nada de vestido – eu gosto de vestir um vestido no meu dia de anos, é a minha forma de me sentir especial.

Na semana passada parei novamente para pensar nesta “não comemoração” do meu aniversário. Eu poderia não querer fazer nada por não estar animada, mas será que não fazer nada não me iria deixar mais desanimada? O que eu quero dizer é que não fazer nada de especial nos meus anos me iria deixar triste. Então, de forma impulsiva, peguei no telemóvel e mandei mensagem aos meus amigos mais próximos se queriam ir jantar fora no dia. Não lhes disse que eram os meus anos porque o importante seria estar com eles.

Apesar disso, continuei a pensar no assunto sem grande entusiasmo. Se calhar era por ter aulas nesse dia e não poder festejar há grande… Se calhar era por estar ocupada nesse fim-de-semana… Se calhar era por não festejar com todos os meus amigos…

Mas hoje, depois de ter discutido com o meu pai (coisa ligeira) e de ele ter feito um comentário que me caiu mal, uma ideia levou a outra e percebi finalmente a razão de toda esta melancolia. Os aniversários são para festejarmos anos de vida e este foi, até agora, o meu pior ano de sempre. É normal que eu não queira festejar, eu sinto como se não tivesse feito nada de especial neste último ano. Eu acordava todos os dias – óbvio – tomava o pequeno almoço, arrumava a casa, adiantava ou acabava o almoço, almoçava, arrumava a cozinha, não fazia nada de tarde, jantava, arrumava a cozinha e ia dormir. É lamentável, eu sei. E sinto. E sinto-o tanto que a forma que tenho de negar que o tempo está a passar é não festejando os meus anos. Continuar com 21, continuar jovem e fresca para enfrentar o futuro. Adiar o futuro. Adiar o desconhecido que tanto medo me mete.


Fazer pausa, por favor, até a vida melhorar.

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